segunda-feira, 16 de setembro de 2013

falar mais alto não é o mesmo que ter razão

minha irmã pode ter as chatices e preconceitos que forem, mas ainda assim tem seus problemas e eu a entendo melhor do que ninguém, tenho certeza disso. exatamente por ter uma visão mais objetiva sobre ela eu sei dizer se ela está se esforçando pra mudar algo de errado ou se está só se vitimizando (prática comum aqui na família, não vou negar).
nossos pais não enxergam isso. ok, talvez ninguém mais enxergue, mas eu enxergo. eu sei o padrão de comportamento dela e sei com que discurso ela pode ser conscientizada sobre como e quando mudar. é um processo lento, ninguém muda da noite pro dia e muitas mudanças requerem mais de um ano pra surgirem, isso é natural do ser humano. mas né, muito mais fácil reclamar que ela não está tentando.
porque aqui em casa existe essa característica que, na verdade, é um problema: meus pais têm para si que somos uma família comunicativa e que isso é muito saudável. não é bem assim que a banda toca. comunicação é bom, mas discutir no mínimo uma vez por semana sobre o mesmo assunto sem esperar pelos resultados e pelas mudanças... bem, aí é só estupidez mesmo. para eles, isso de conversar, terminar magoados mas agradecendo por podermos ter falado abertamente sobre os problemas etc etc é uma coisa muito boa, quando na verdade só faz impedir que feridas cicatrizem e obstáculos sejam finalmente superados. experimentem reclamar sobre um problema intrinsecamente relacionado à insegurança de uma pessoa, dando dicas de como melhorar e dizendo que não vão fazer cobranças, só esperam que dê tudo certo; daí esperem uma semana (no máximo) para reclamar de que nada foi feito, nenhum resultado está surgindo, a pessoa está fazendo corpo mole, não está tentando de verdade, nunca vai mudar (repita essa frase incansavelmente), sempre vai viver do mesmo jeito errado; esperem os resultados.
o único resultado é uma pessoa mais insegura de si a cada nova discussão, gradualmente mais incapaz de lidar com os próprios problemas. é esse o método super eficaz só que jamais foi e jamais será que é utilizado aqui em casa. e ai de quem reclamar. reclamações serão tolhidas ou com berros (responder com a voz na mesma altura também está fora de cogitação) ou com frases de pseudo-psicologia. nós, jovens filhas, jamais temos razão, e "no futuro, vamos ver que tudo que está sendo dito é verdade". aham. sei bem. já cheguei aos 23 e continuo discordando de boa parte do que foi dito. mas eu também sei o resultado de discordar em voz alta: um drama sobre como nós mudamos, crescemos e viramos "pessoas completamente diferentes, não se sabe de que companhias vieram essas novas ideias absurdas". porque ter opiniões próprias, pelo visto, é algo que somos incapazes de fazer. e ai de quem chorar. chorar é se fazer de vítima. falar da mera possibilidade de estar em depressão, então... depressão é um mito aqui em casa (o que chega a ser quase cômico, visto que todos os quatro já tiveram em algum momento da vida).
digo isso muito mais por observação do que por vivência, já que o alvo principal das críticas sempre foi minha irmã. posso afirmar que já não resta nela quase nenhuma auto-confiança, tanto por uma tendência própria à auto-depreciação quanto por essa rotina passivo-agressiva dos últimos anos.
não que eu esteja vilanizando nossos pais, não é isso também. eu os amo, eles nos amam também e tentaram nos criar da forma que lhes pareceu mais correta, e em quase todos os aspectos foram bem-sucedidos. mas no aspecto da liberdade de expressão eles falham desde o primeiro momento em que nós duas começamos a expressar nossas opiniões (o que não foi nada precoce, só começou a acontecer por volta dos meus 16 anos e 18 dela). e argumentar sobre isso, apontar as falhas deles, é impossível, não existe espaço pra retórica aqui.
torço pra minha irmã conseguir ajeitar a própria vida e sair dessa casa. enquanto isso faço o possível pra virar uma pessoa autossuficiente e fazer o mesmo. família dona da verdade só nos finais de semana, pelo bem maior.
(sim, escrevi enquanto ouvia o berreiro no quarto ao lado e me julgo por não ter mais forças ou disposição pra interferir)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

voltamos à programação normal? (R: não)

porque tô naquela fase deliciosa de desânimo pra existir.
na verdade, é pior que isso. pensando bem, é algo novo.
todos os dias têm momentos de êxtase intercalados com momentos de puro desgosto.
sabe quando o dia estanca, você quer que ele termine logo pra parar de pensar em todas as coisas ruins (que simplesmente não saem da sua cabeça) e ele continua lá, com as horas se arrastando? pois é.
agora é pior, é um misto de vontade que o dia não tenha existido com gratidão pelos momentos bons. não sei, não sei... não faço mais sentido, voltei ao que eu era. ultimamente tenho chorado muitas vezes por dia e nem sempre foi de felicidade. e agora tenho a mais pura certeza de que é tpm.
mas, mesmo assim, já aceitei que vou ser eternamente assombrada por esse sentimento de que nunca vou bastar em aspecto nenhum pra ninguém, muito menos pra mim mesma.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

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quando uma pessoa te faz tão bem, só por estar com você, que você chega a se sentir mais viva, mais saudável...
bem, o que você faz?
eu obviamente fico sorrindo feito boba, além daquela outra reação que eu já cansei de comentar aqui... mas é que eu só sei ser feliz a ponto de chorar, desculpa.