Eu não queria sentir a vida, nem tocar nas coisas, sabendo, pela experiência do meu temperamento em contágio do mundo, que a sensação da vida era sempre dolorosa para mim. Mas ao evitar esse contacto, isolei-me, e, isolando-me, exacerbei a minha sensibilidade já excessiva. Se fosse possível cortar de todo o contacto com as coisas, bem iria à minha sensibilidade. Mas esse isolamento total não pode realizar-se. Por menos que eu faça, respiro; por menos que aja, movo-me. E, assim, conseguindo exacerbar a minha sensibilidade pelo isolamento, consegui que os fatos mínimos, que antes mesmo a mim nada fariam, me ferissem como catástrofes.hoje eu leio isso e ainda me identifico demais. e quando alguém enxerga esse meu lado, eu sei que é porque me conhece de verdade e se importa de verdade (a propósito, danhe e meu menine). a diferença é que hoje eu não me isolo como antes. agora tenho alguma coragem pra sentir a vida, tocar nas coisas. raras vezes, mas pelo menos agora acontece, dou a cara a tapa, porque hoje estou disposta a enfrentar qualquer dor que possa vir disso. hoje eu vejo que resultados bons são possíveis, não é preciso tanto medo.
continuo a mesma, sensível demais, ferida demais, mas a hesitação já começou a ser
por menor que seja, ainda é coragem.