terça-feira, 19 de agosto de 2014

eu jamais seria uma revolucionária

porque isso demanda da pessoa uma certa paciência e insistência ao tentar mudar a percepção das pessoas. e olha, se eu não consegui te convencer da primeira vez, não espere que eu repita aquele assunto na sua frente de novo nessa ou em qualquer outra encarnação. ou que eu respeite a sua opinião, se você não tiver respeitado a minha.
uma coisa que me frustra muito é ter adquirido tanto conhecimento através da internet, ter encontrado tantas novas perspectivas, ter mudado hábitos e atitudes depois de muita reflexão e autoavaliação, e não conseguir compartilhar isso no mundo real. se bem que, pra essa geração, a internet conta como um mundo real também, o que é totalmente justificável.
minha teoria: as gerações passadas recebiam notícias pelos jornais, televisão e rádio, mas quem tivesse interesse em realmente conhecer todos os lados de uma história tinha que correr atrás das informações por meios alternativos, o que sempre resultou e continua resultando, obviamente, numa massa com opiniões formadas sem embasamento (e não sou hipócrita a ponto de dizer que não faço parte dessa massa, ainda sou muito desinformada, admito). mas a geração atual tem acesso tanto aos meios tradicionais de veiculação de notícias quanto às redes sociais, onde cidadãos, gente comum, gente que muitas vezes conhece o outro lado das histórias, podem compartilhar suas experiências. isso é uma ferramenta importantíssima de informação, você pode construir uma nova visão de mundo cruzando e comparando informações vindas de todos os cantos do mundo, reavaliar pré-conceitos, enfim. o que eu vejo acontecendo é que a maioria das pessoas das gerações anteriores não dão validade às informações que vêm do povo, acham que é tudo tendencioso, mas incrivelmente dão sempre crédito ao que vêem na tv ou que leem nas revistas. o que te dá a certeza de que um jornalista na televisão está falando a verdade absoluta ou de que um estudante no twitter está sendo tendencioso/hipócrita/falso-moralista?
incontáveis vezes eu questionei preconceitos aqui dentro de casa e fui tratada como louca (ou como criança - "alguém deve ter colocado isso na sua cabeça"). ninguém se questiona sobre os próprios motivos pra ser homofóbico, pra desvalorizar mulheres, pra fazer piada com negro ou com índio. "você não pode levar tudo a sério o tempo todo, era só brincadeira". é mais fácil se justificar do que se autoavaliar, a culpa é sempre dos outros que querem "direitos demais", "aparecer demais", como se uns tivessem mais direito à representação e expressão do que outros.
eu fico sinceramente desanimada quando vejo que pessoas que eu tanto admirava têm um lado tão ruim e bem-preservado...