domingo, 23 de junho de 2013

la llorona:

com o passar do tempo, eu fui gradualmente me tornando uma pessoa chorona.
antigamente, eu não chorava por nada. claro, quando criança eu chorava se me machucava (e, meu deus, como eu me machucava), mas depois que criei algum equilíbrio, não tive mais motivos para chorar. nem na época da depressão chorei muito, salvo raras exceções. acho que dos 10 aos 18 anos, o dia em que mais chorei foi quando minha avó de criação faleceu, e isso foi por volta dos meus 12 anos, acredito.
com a nova fase de depressão, de repente eu comecei a chorar um pouco mais. parecia que algo em mim havia sido ativado e de repente eu tinha adquirido sentimentos. eu não era mais alheia aos acontecimentos à minha volta ou dentro de mim, o que me afetasse me faria chorar, muito ou pouco. cheguei também àquele nível em que chorar já fazia parte da rotina, muitas vezes a tristeza vinha sem qualquer motivo aparente e lá estava eu, chorando escondida de novo.
hoje em dia, choro ainda mais. a fase da depressão já passou (ou seria "parou", no meu caso? nunca soube dizer se tenho uma depressão cíclica desde a pré-adolescência, que vai e volta, ou se são fases diferentes de depressão na minha vida), mas as lágrimas aumentaram. à primeira vista, pode parecer tão aleatório quanto era até um tempo atrás, mas uma segunda análise me fez perceber que não: o choro agora é por um excesso de sentimentos que antes inexistiam ou eram ínfimos em mim. não sei lidar de forma saudável com sentimentos, acho que nunca soube, e quando me deparo com esses só me resta chorar. choro de alegria, choro de tristeza, choro de decepção, choro por impotência, choro por motivos muito bem definidos, ainda que o choro em si seja desnecessário em todas essas ocasiões.
mas o que me resta fazer se não sei o que fazer com todos esses sentimentos?

sábado, 15 de junho de 2013

o infinito post sobre o interminável fim de semana e uma resolução

primeiro, teve a quinta-feira. foi um bom dia, até vi meu menine, ficamos juntos até as 23h. porém, contudo, todavia, a vida deu um puxão de tapete e ele perdeu os últimos ônibus e teve que ficar na parada esperando até de manhã. fui dormir preocupada, acordei preocupada e fui pra faculdade preocupada por não receber nenhum sinal de vida. detalhe importante: a bateria do celular dele estava nas últimas na noite anterior e ele não tinha o carregador consigo. chegou um momento do dia em que comecei a chorar desesperadamente com a certeza de que ele tinha morrido ou sido sequestrado ou qualquer outra desgraça tinha acontecido. recorri à ajuda de um dos amigos dele, que foi contaminado pelo meu desespero e foi procurá-lo. depois de horas de lágrimas infinitas, desesperos, duas viagens de carro nos intervalos das aulas e muito nervosismo, o amigo o encontrou em casa, dormindo. grazadeus, gente, já tava barganhando com todas as entidades religiosas que eu conhecesse, só faltou desenhar um pentagrama no chão e buscar as velas pretas. o único dia em que senti um alívio maior que aquele foi quando minha mãe saiu viva e sem sequelas da cirurgia de retirada de tumores. mas divago. à noite, teve festa junina e quando terminou eu já estava caindo de sono. porém, oh, porém... a vida, essa safada...
primeiro eu preciso explicar que uns dias atrás (quarta-feira, talvez?) me surgiu um problema de pele muito do misterioso (a forma como surgiu, eu digo, não o problema em si) e eu fiquei tratando em casa por motivos de: não quero médico, me deixa longe de hospital, me larga, me deixa viver. inesperadamente (aham), o problema piorou e eu acabei me rendendo à idéia de, sei lá, ver se um profissional saberia dar um palpite menos aleatório sobre um tratamento apropriado. vai saber, né? falei pros meus pais sobre a idéia de marcar uma consulta ou procurar um pronto-atendimento logo depois que voltamos da festa junina, mas era com a intenção de ser na segunda-feira, já que eu mal conseguia raciocinar de tanto sono. eis que surge neles a vontade de me levar na mesma hora pra unimed... bora, né? bora logo acabar com esse sacrifício. deixa só eu achar meu cartão da unim-ooOOOPA, cartão kd/  vasculhei todas as bolsas bagunçadas, todas as partes da bancada bagunçada, todos os bolsos de roupas e nada da porra do cartão aparecer. tá, dani, deixa pra achar depois, leva só tua CNH como identidade que eles acham teu número por lá. beleza, deixa eu pegar minha CNH então... 5 minutos se passaram do mais puro desespero enquanto eu procurava em cada canto do quarto pela carteira de motorista e nada dela aparecer.
pai, saindo do quarto: bora, dani, já pegou tudo que precisava?
eu: já sim, deixa só eu ir lá no carro que eu não tô achando minha carteira de motorista.
mãe, com audição supersônica, do outro lado da casa: O QUÊ??
nesse milissegundo eu já tinha fugido da explosão, obviamente. mas nada pode me salvar do stress infinito que viria nas próximas horas, e que durou até essa tarde, quando houve a certeza de que eu perdi só os dois documentos mais importantes de todos. é a vida, né, fazer o que se eu sou terrivelmente irresponsável e distraída? enquanto não me mato, vou tentando aprender com os erros, já que tem tantos aí pra me ensinar.
interessante notar também que eu tenho uma prova de linguagem de programação na segunda-feira cujo assunto eu não entendo porra nenhuma, então esses dias que eu ia tirar pra estudar foram passados me desesperando, sofrendo com o problema de pele, procurando documentos alucinadamente e arrumando a bagunça acumulada do quarto. rá.
daí que, durante essa arrumação divertidíssima, só que nem um pouco, encontrei um rascunho de um resolução de 2009 (provavelmente para uns 2 blogs atrás). vou transcrever aqui só os trechos principais:
"o ano começou meio turbulento, eu ainda não fazia ideia se tinha passado no vestibular ou se teria que enfrentar mais um ano infernal de cursinho (ah, como eu detesto cursinho...) enfim, saiu o resultado e foi toda uma novela pra me colocarem na turma do 1o semestre (que no começo relutei em fazer, mas agora vejo que foi uma boa decisão).
"conheci muita gente nova, fiz uns amigos no 1o período, reencontrei amigos antigos, ralei muito pra entrar no pique de medicina (fui conseguir no fim do período, rá), passei raspando em anatomia I e, ao contrário de quase todo estudante de medicina, eu NÃO me apaixonei pela matéria, me apaixonei por genética e citologia, descobri que vivi o 1o semestre de 2009 em função da faculdade. faculdade horrível, aliás.
"(...) ok, 2o período, lá vamos nós.perdi algumas amizades, ganhei outras, cheguei com mais de uma semana de atraso, perdi o pique de medicina, fui mal nas primeiras provas, (...) estudei feito uma condenada pras provas finais, só passei em 1 de 3 matérias (fundo do poço, te dedico), descobri que vivi o 2o semestre de 2009 em função da faculdade. (...)"
em seguida, vinha uma lista de objetivos para 2010, e um dos primeiros era:
"decidir se eu quero continuar nessa merda de faculdade até o fim do 3o período"
vocês não imaginam o quanto eu quis abraçar a eu de 2009, pobrezinha. mal sabia o que vinha pela frente. deu pra ter uma noção do quanto eu curtia fazer medicina, né? até ontem, eu achava que só tinha perdido o gosto pelo curso por volta do 3o período, mas agora vejo que o desinteresse surgiu logo no início, o que me leva a perguntar mais uma vez por que diabos eu aguentei tanto tempo naquela tortura?
porque sou eu, claro. estranho é eu ainda me surpreender.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

daí que

frequentemente falho em me fazer ser entendida. penso A, digo B e as pessoas interpretam como C*.
2013 precisa de mais As e menos Cs. os Bs são inevitáveis, infelizmente...

*A é bonito/coerente. B pode até ser coerente, mas geralmente permite interpretações negativas (raramente é bonito). C sempre é negativo.

terça-feira, 11 de junho de 2013

da menina sem qualidades:

se você acredita que a vida se trata de uma linha desenhada numa pista plana, você fica calmo, seguro. mas se você pensa que está numa linha que divide dois abismos, você começa a tremer. você percebe que está constantemente correndo risco de vida.
(...)
duas pessoas que, cada uma na sua linha, caminham de mãos dadas pela vida afora, formam juntas uma base e não cairão, mesmo que tenham consciência desse abismo.

sábado, 8 de junho de 2013

~

  • a Lollita que se foi
  • a primeira e a segunda parte de Breakdown, do Deerheart
  • o vazio do meu carro e os retrovisores levemente desajustados que eu insisto em deixar como estão
  • Angsty

quinta-feira, 6 de junho de 2013

sala vazia

eu costumava ser uma pessoa tão organizada e metódica... queria saber quando foi que começou o processo que me transformou no extremo oposto disso (quem aí quer apostar em depressão na pré-adolescência?)
meu nível de desorganização já chegou há anos no cúmulo de me fazer ter tanta memória quanto um peixinho dourado. acontecimentos do meu cotidiano, não importa o quão importantes possam ser, raramente permanece na minha mente por mais de um dia inteiro, que dirá permanecer no meu subconsciente. eu me sinto tão incapaz e patética por conta disso que nem ao menos procuro ajuda, mesmo porque duvido que exista ajuda para algo assim. que ridículo não deve parecer deixar a vida tão desorganizada que nem as próprias lembranças conseguem persistir a toda essa bagunça. parece bem ridículo para mim.
além de isso fazer todo progresso meu surgir depois do triplo do tempo necessário, acho que o maior problema é passar a impressão errada para as pessoas. me pedem um copo d'água e eu viro a esquina, esqueço e não volto nunca mais: essa menina só pode ser retardada. me contam detalhes importantes (às vezes até confidenciais) da vida e eu não me lembro quando comentam sobre eles novamente: ela não deve ter dado a menor importância pro que eu disse. faço promessas que jamais chegam a ser cumpridas: ela fala por falar, não tem palavra.
eu entendo que achem isso tudo, de verdade, porque eu também pensaria assim se estivesse no lugar deles. a questão é que eu, e somente eu, sei o quanto eu dou valor para tudo que me pedem, me confiam, me confidenciam, mas sou incapaz de memorizar. costumo dizer que não me recordo de acontecimentos específicos, apenas de sentimentos, e acho que isso seria o melhor resumo das minhas lembranças dos últimos dez anos. é terrível não conseguir se lembrar nem ao menos de um borrão dos possíveis acontecimentos mais importantes da sua vida, e como eu queria saber se existe uma forma de não ter que viver com esse projeto de amnésia para sempre... me acostumei a conviver com o medo constante de perder as poucas lembranças ainda vívidas dos últimos doze meses, mas, francamente, não sei quanto espaço ainda tenho em mim para novos medos.
outra consequência da falta de memória é esquecer de fazer coisas importantes para mim mesma: remédios, exercícios, consultas, estudos, telefonemas, todo tipo de providência importante que eu precise tomar na vida. tudo isso acaba sendo negligenciado, e eu acabo negligenciando a mim mesma, o que me leva a pensar se isso não seria mais uma modalidade de autossabotagem. afinal, eu sempre me sinto tão culpada por tudo, seria natural que eu quisesse, mesmo que inconscientemente, me punir de alguma forma. talvez eu esteja minando constantemente meu próprio progresso inexistente e tenha entrado nesse loop infinito há tanto tempo que a saída exista e eu não a consiga enxergar mais.
culpar a falta de memória para tudo que eu faço de errado na vida parece a saída mais fácil, sei disso... quem me dera que fosse. na verdade, deve ser só mais uma forma de culpar a mim mesma.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

angsty

por mais inacreditável que possa parecer, 5 meses já se foram desse ano, o melhor da minha vida. não sei nem dizer se passou muito rápido ou muito devagar porque, no início, as horas se arrastavam e os dias corriam, agora as horas correm com ele comigo e os dias sem ele se arrastam (incrível como o intervalo entre quinta-feira e sábado mais parece uma semana inteira). então é muito relativo. esse ano me fez ver que é tudo muito relativo.
dos 155 dias que se foram, só aproveitei de verdade os últimos 109, ou ao menos o tanto que consegui. tenho tentado tirar uma lição de tudo que tem acontecido, principalmente dos infortúnios. não, não, principalmente dos meus erros. as dificuldades que insistem em surgir no caminho me ensinam a buscar em mim paciência, resiliência e uma mente mais aberta, tratos que eu nunca me importei muito em ter, mas que hoje me são indispensáveis. também tenho tentado deixar de lado meu orgulho e minha introspecção, porque, mais que tudo, eu quero manter as pessoas que amo perto de mim. preciso, sei que preciso, ser mais aberta em relação ao que penso e sinto, porque tudo o que consigo demonstrar é o extremo oposto (é uma questão de falta de prática, convenhamos). não posso nem reclamar de quem não me entende, eles não têm informações suficientes para me interpretar corretamente, eu não lhes dou esse privilégio. aliás, não lhes dou o privilégio nem quando quero, possivelmente devido a algum bloqueio que ainda não consegui superar. mas acredito que reconhecer que ele existe já é algum avanço.
só recebi coisas boas de todas as pessoas maravilhosas que conheci no último ano: amor, carinho, compreensão, aceitação. nunca soube, e continuo sem saber, como retribuir (porque, afinal, o que eu poderia oferecer em retorno?), e nada que eu faça nunca parece ser suficiente. talvez muitas vezes tenha sido suficiente para elas, quem sabe? não sei se sou apenas eu, mas acredito que quem mais pode nos menosprezar somos nós mesmos, no fim das contas. Como não sei ver valor nenhum no que faço pelos outros, ao menos posso usar isso como incentivo para me esforçar e melhorar com o tempo.
a meia dúzia de pessoas que eu amo (ok ok, talvez seja até uma dúzia inteira) já fez tanto por mim, e me parece tão injusto que elas desperdicem suas boas intenções em alguém que nem ao menos sabe retribuir...
mas eu não comecei esse post com a intenção de me depreciar, apenas reconhecer o quanto eu ainda preciso melhorar, e o quanto eu espero que o tempo me ajude e as pessoas tenham paciência com a minha demora. 5 meses já se passaram desse ano e eu ainda sinto que poderia ter feito muito mais (e errado muito menos). sei bem o quanto posso ser repetitiva, mas meu raciocínio não passa da repetição de uns míseros cinco ou seis tópicos, e só me resta ficar repensando todos eles o tempo todo.
quero merecer tudo de bom que recebo das pessoas que amo, quero um dia valer a pena.